Biblioteca Pública apresenta coleção de obras raras
Muitas delas, devido à fragilidade dos volumes, que precisam de restauração, não ficam disponíveis ao acesso direto do público.
Publicado em 06/09/2018 15:16 - Atualizado em 06/09/2018 16:16
Você sabia que a Biblioteca Pública Municipal Professor Paulo Zappi possui uma coleção de obras raras? Muitas delas, devido à fragilidade dos volumes, que precisam de restauração, não ficam disponíveis ao acesso direto do público. Outras, contudo, estão saindo pela primeira vez do limbo onde permaneceram até recentemente. Vamos conhecê-las?
O primeiro livro registrado na biblioteca, isto é, o primeiro livro do acervo, foi a primeira edição de “Passos Cegos” (1949), do mossoroense Milton de Albuquerque Pedrosa. A obra tem caráter regionalista e conta a saga de um emigrante que deixa Mossoró (RN) em busca de dias melhores no Rio de Janeiro. O livro deu entrada no acervo em 2 de janeiro de 1960.
A mais antiga das obras tem nada menos que 463 anos. Trata-se das “Epístolas de Cícero a Ático”, em tradução de Matteo Senarega, figura proeminente na paisagem política genovesa (Itália). A obra contém as cartas escritas por Marco Tulio Cícero (106-43 a.C), advogado, político, escritor, orador e filósofo da República Romana, escritas a seu grande amigo e confidente Tito Pompônio Ático (ca. 110 a.C.-32 a.C.), cavaleiro e patrono das Letras. Impresso em Veneza (Itália), o volume foi encadernado por monges em pele de carneiro raspada.

A segunda obra mais antiga pertence ao século 18. Jorge Juan y Santacilia (Espanha, 1713-1773) foi um humanista, engenheiro e cientista espanhol que mediu a longitude do meridiano terrestre, demostrando que a Terra é achatada nos polos. Em “Relação histórica da viagem à América Meridional”, obra escrita em parceria com o naturalista Antonio de Ulloa, são descritos os sofrimentos e dificuldades enfrentados durante a expedição. Foi impressa em Madrid (Espanha), em 1748.
Já a terceira obra mais antiga é uma Bíblia do século 19. Impressa em 1821, em Londres (Inglaterra), foi traduzida do latim para o português por António Pereira de Figueiredo (1725-1797), padre português que desempenhou inúmeras atividades, sendo latinista, historiador, canonista e teólogo.

“Em 1907, foi inaugurada a estação ferroviária da Estrada de Ferro Vitória-Diamantina (Vitória-Minas), na localidade de Derribadinha, às margens do Rio Doce, no lado oposto ao povoado de Figueira. Em torno da estação, formou-se um vilarejo onde se instalaram fornecedores da estrada de ferro e um pequeno movimento comercial. Mas, três anos depois, com a construção da ponte sobre o Rio Doce e a inauguração da estação de Figueira, no dia 15 de agosto de 1910, todo o fluxo dinâmico se transfere e se consolida a posição desta vila como entreposto comercial da região. Com a estrada de ferro, chegaram os comerciantes e expandiram-se as plantações de café e a extração da madeireira de lei.” História da Cidade, professor Haruf Salmen Espíndola disponível aqui. Diante da importância da Estrada de Ferro Vitória-Minas para a nossa região, não surpreende que a terceira obra mais antiga do acervo seja o “Dicionário de Estradas de Ferro”, obra de Francisco Picanço impressa em 1892. Ricamente ilustrado, é acompanhado de um vocabulário em francês, inglês e alemão. Obra dedicada ao Visconde de Ouro-Preto.
As obras estão expostas na biblioteca Pública Municipal Professor Paulo Zappi, que fica no Centro Cultural Nelson Mandela. Rua Afonso Pena, 3269, Centro. Telefone: 3271.8310.
Quem foi Paulo Zappi?
Em janeiro de 1959, ele resolveu fundar a biblioteca que levaria seu nome, contribuindo decisivamente para a sedimentação do conhecimento e da cultura local. Seu trabalho envolveu ainda uma peregrinação por outras bibliotecas do país, embaixadas, universidades, instituições públicas e privadas (e até mesmo residências) à procura de livros que ampliassem seu acervo. Em sua saga, ele conseguiu recolher preciosidades como a Bíblia de 1821 e “As Epístolas de Cícero a Ático”, de 1555.Capixaba nascido no município de Afonso Cláudio (ES) em 28 de março de 1908, o professor Paulo Zappi foi nomeado funcionário público da Câmara Municipal, quando esta ainda era administrativamente subordinada à Prefeitura.
por Secretaria de Comunicação e Mobilização Social